IA e geração de conhecimento: Questões epistemológicas, ontológicas e científicas

Este ciclo de seminários multidisciplinar propõe uma reflexão crítica sobre as intersecções entre Inteligência Artificial e a produção do conhecimento científico. Ao longo de quatro encontros temáticos, pesquisadores de diferentes áreas discutirão como o desenvolvimento histórico da ciência possibilitou o surgimento da IA e, reciprocamente, como as tecnologias de IA estão transformando os métodos e práticas científicas contemporâneas, bem como a geração, validação e circulação do conhecimento científico
08/08 – IA em Comunidades Indígenas
Local : Instituto de Estudos Avançados da USP |  R. da Praça do Relógio, 109 |  Sala Alfredo Bosi
Horário: Quarta-feira das 09h às 12h
Palestrante: Claudio Pinhanez (C4AI – IBM)
Mediador: André Leirner
Debatedora: Maria Luisa (MAE)
Resumo: O autor está liderando um projeto com comunidades Baré da Amazônia para fortalecer o uso digital de sua língua, o Nheengatu, entre os jovens falantes da língua. Usando ferramentas construídas com Inteligência Artificial, o autor discutirá como gerenciar eticamente a questão de coleta e uso dos dados necessários para a construção dessas ferramentas.

22/08 – Venenosas, Nocivas e Suspeitas: IA, etarismo, racismo e gênero
On-line - 10h-13h
Palestrante: Giselle Beiguelman (FAU-USP)
Mediador: André Leirner
Debatedores: Eliana Loureiro e Lucas Vilalta
Resumo: A palestra discute os vieses de gênero, raça e etarismo presentes nos modelos generativos, articulando ciência, colonialismo e exclusão. A partir do projeto Venenosas, Nocivas e Suspeitas, investiga como a inteligência artificial amplifica ou subverte essas narrativas. Reflete ainda sobre estratégias estéticas e criativas para reimaginar as histórias das artes e da ciência.A palestra discute os vieses de gênero, raça e etarismo presentes nos modelos generativos, articulando ciência, colonialismo e exclusão. A partir do projeto Venenosas, Nocivas e Suspeitas, investiga como a inteligência artificial amplifica ou subverte essas narrativas. Reflete ainda sobre estratégias estéticas e criativas para reimaginar as histórias das artes e da ciência.
29/08 – 75 anos do teste Turing
Local e horário : Sala Alfredo Bosi - 14h - 17h
Palestrante: Bernardo Nunes Gonçalves (LNCC)
Mediador: Prof. Dr. Cláudio Alves de Amorim (UNEB)
Debatedores: Diego Jair Vicentin (Unicamp), Pedro Peixoto Ferreira (Unicamp)
Resumo : Esta mesa redonda celebra os 75 anos do teste de Alan Turing, centrada no livro de Bernardo Gonçalves (Laboratório Nacional de Computação Científica), The Turing Test Argument (2024), que oferece uma nova perspectiva histórica sobre o teste de Turing. A obra reconstrói a controvérsia que ocorreu na Inglaterra entre 1946-1952 sobre as capacidades intelectuais dos computadores digitais, contextualizando social e culturalmente a proposta de Turing. Gonçalves argumenta que o teste de Turing deve ser compreendido como um experimento mental na tradição científica moderna, não como um experimento prático. O livro revela como Turing concebia as máquinas de aprendizado como uma nova espécie, cujo pensamento seria diferente do humano, mas capaz de imitá-lo. O debate contará com a participação de Pedro Ferreira (Unicamp) e Diego Vicentin (Unicamp), que discutirão as implicações contemporâneas do teste para os atuais sistemas de inteligência artificial e suas questões sociais e filosóficas.

03/10 - Valores e imaginários sociotécnicos no contexto do desenvolvimento da IA no Brasil
Palestrante: Kenzo Seito
Mediador : Enio Blay e Veridiana Domingo Cordeiro
Resumo : O seminário visa debater os elementos sociais - práticas, identidades, discursos, crenças, representações, etc - que estruturam a produção de conhecimento em Inteligência Artificial. Os valores e imaginários coletivos formadores da mentalidade dos especialistas influenciam as atividades e as agendas de pesquisa. Os caminhos para descobertas e avanços na área não são independentes da cultura, mas sim co-produzidos com ela: há uma relação de interdependência entre a manifestação material da tecnologia e a interpretação que os agentes fazem das formas de vida social. Nesse sentido, o seminário propõe discutir a construção dos entendimentos compartilhados (pela via do exercício do poder, da formação de coalizões, entre outros processos) enquanto um elemento chave para a compreensão dos futuros possíveis da IA, trazendo para o debate pesquisadores que têm contribuído com o tema por meio da análise de epistemologias e da interlocução com os desenvolvedores de IA no contexto brasileiro.

17/10 – O computador como máquina epistemológica: o caso do xadrez computacional
Local e horário : Sala Alfredo Bosi - 09h-12h
Palestrante: Prof. Dr. Cláudio Alves de Amorim
Mediador: Hugo Neri (C4AI)
Debatedores: Professor Osvaldo Pessoa Jr., Edélcio Gonçalves de Souza
Resumo: Desde a publicação do artigo seminal de Claude Shannon, Programming a computer for playing chess (1950), o xadrez computacional tem sido um campo fértil para exploração dos limites e possibilidades da computação eletrônica digital. Ao longo das décadas, os avanços do hardware e do software tornaram as máquinas invencíveis frente a jogadores humanos. Concomitantemente, os computadores passaram a desempenhar, cada vez mais, o papel de máquinas epistemológicas – isto é, auxiliares na construção coletiva do conhecimento –, alterando radicalmente a condução do jogo entre enxadristas profissionais (e também amadores). Para além de uma pragmática competitiva, a computação tem permitido construir conhecimento enxadrístico que a cognição humana, desassistida, presumivelmente não poderia construir. Contudo, sempre há mais a saber: nesse sentido, a computação desloca as fronteiras e horizontes epistemológicos do xadrez, mas não elimina o fascínio e os mistérios desse jogo milenar.

27/11 – O impacto da IA na pesquisa em ciências naturais
On-line - 15h - 16h30
Palestrante: Guilherme Arantes (IQ-USP)
Moderador: João Cortese
Resumo: Nesta apresentação, será analisado o panorama de aplicações de inteligência artificial (IA) em pesquisa e inovação (PD&I) nas ciências da vida no Brasil. Áreas estratégicas abordadas incluem a descoberta de novos medicamentos para doenças endêmicas e de alta incidência e o aprimoramento de defensivos agrícolas para segurança alimentar. Tecnologias emergentes em IA serão avaliadas quanto à sua inserção em laboratórios e startups nacionais, em comparação com o ecossistema de IA nos Estados Unidos. Também serão propostas medidas estruturantes e métricas quantitativas para avaliação de projetos, considerando impacto social e sustentabilidade no contexto brasileiro.