
Um olhar para o desenvolvimento de pesquisa IA no continente africano
Quando vemos dados, investimentos e pesquisadores ligados à inteligência artificial na mídia, geralmente estão ligados a países do norte global. De fato, a grande massa crítica de produção de inteligência artificial no mundo vem de lá. Isso não quer dizer que continentes em desenvolvimento, como o continente africano, não tenham uma atuação no tópico.
O continente africano está testemunhando um despertar tecnológico, marcado pelo crescente número de instituições dedicadas à pesquisa em inteligência artificial (IA). Este movimento não apenas sinaliza um avanço significativo na capacidade de inovação tecnológica da África, mas também promete ser um catalisador para o desenvolvimento socioeconômico abrangente.
Com 54 países, o continente está emergindo como um campo de inovação e pesquisa em IA. De acordo com mapeamento que realizamos e disponibilizamos em www.scaimap.com, há presença de instituições dedicadas ao desenvolvimento de pesquisa de base em inteligência artificial (ou seja, não aplicada em áreas não relacionadas com IA) em dez países pelo continente africano. A África do Sul é o líder em quantidade de instituições, contando com 23 institutos ou centros de pesquisa dedicados à pesquisa de base em IA. O Egito segue em segundo lugar com 3 instituções. A lista de países em que há núcleos, centros e institutos de pesquisa, que sucede esses dois países é: Etiópia, Gana, Maurício, Marrocos, Nigéria, Tunísia, Uganda e Argélia. Como vemos, há uma distribuição pelo continente, nas regiões norte, sul, leste e oeste. A maioria deles têm PIBs significativos e são lideranças econômicas regionais. Por exemplo, a Nigéria é a maior economia da África em termos de PIB total, a África do Sul é conhecida por ter uma das economias mais diversificadas e desenvolvidas do continente, a Argélia também configuras como uma das economias líderes e Maurício se destaca pelo alto PIB per capita.
As instituições mapeadas estão majoritariamente ligadas a instituições de pesquisa e ensino superior. Porém há três casos de exceção, três centros de pesquisa em inteligência artificial mapeados que não estão ligados a universidades, são eles: Ethiopian Artificial Intelligence Institute em Addis Ababa, Etiópia; National Center For Artificial Intelligence And Robotics (NCAIR) em Garki, Abuja, Nigéria e o Machine Intelligence Institute of Africa (MIIA) em Somerset West, Western Cape, África do Sul.
Esse crescimento não é apenas um indicador da aspiração africana em se tornar uma força partcipante e ativa no cenário global de IA, mas também um sinal do potencial inexplorado do continente em contribuir significativamente para a ciência e tecnologia mundial. No entanto, essa jornada está longe de ser um caminho sem obstáculos. A falta de infraestrutura robusta, financiamento limitado e a escassez de habilidades técnicas avançadas emergem como desafios críticos. Superar essas barreiras é fundamental para sustentar o crescimento e o impacto da pesquisa em IA no continente. O esforço colaborativo entre governos, o setor privado e a comunidade internacional aparece não apenas como uma necessidade, mas como uma estratégia vital para desbloquear o potencial completo da África em IA.
A presença dessas instituições sugere um crescente interesse e investimento em IA na África, o que pode ser um indicativo importante para o desenvolvimento tecnológico e econômico do continente. Além disso, a variedade de tópicos de pesquisa reflete uma abordagem ampla e diversificada para o estudo e aplicação da IA, desde a teoria básica até aplicações práticas em diferentes setores. De acordo com o mapeamento feito, os principais tópicos de pesquisa desenvolvidos nessa instituição são: aprendizado de máquina, artificial intelligence and data mining, deep learning, robotics e computer vision.
A colaboração internacional, especialmente no compartilhamento de conhecimentos e recursos, é essencial para fortalecer as capacidades de pesquisa e educação em IA da África. Isso não apenas impulsionará a inovação local, mas também facilitará contribuições significativas para a comunidade global de IA. Instituições como o Ethiopian Artificial Intelligence Institute, o National Center For Artificial Intelligence And Robotics na Nigéria e o Machine Intelligence Institute of Africa na África do Sul são exemplos notáveis de como a África está se posicionando como um participante ativo no campo.
À medida que a África continua a se afirmar no domínio da IA, o suporte contínuo e o reconhecimento de seu potencial são cruciais. Investimentos adequados, políticas de apoio e uma abordagem inclusiva ao desenvolvimento tecnológico podem garantir que o continente não apenas supere seus desafios atuais, mas também emerge como um líder em inovação e aplicação de IA. O despertar tecnológico da África, marcado pelo crescimento de suas instituições de pesquisa em IA, não é apenas promissor para o continente, mas também para o mundo, à medida que enfrentamos juntos os desafios globais com soluções inovadoras e inclusivas.
A colaboração internacional e o intercâmbio de conhecimentos também são essenciais para impulsionar a pesquisa e a educação em IA, permitindo que a África não apenas participe, mas também contribua significativamente para o campo global de IA.